segunda-feira, 28 de setembro de 2009




AS OLIGARQUIAS DECIDINDO PELO POVO


Quando a República foi proclamada no Brasil, em 15 de novembro de 1889, esperava-se que o novo regime de governo fosse destinado a servir ao interesse coletivo. No entanto, o que se viu foi a continuidade de um sistema, iniciado durante a Monarquia brasileira, baseado na dominação de uma minoria e na exclusão de uma maioria do processo de participação política e econômica do país. As limitações da construção da democracia e da expansão da cidadania eram tão grandes que é comum se afirmar que o que existiu no Brasil entre 1889 e 1930 foi uma “República Oligárquica”. Hoje, nenhum estudioso do republicanismo brasileiro ousaria dizer que a República Oligárquica permanece de pé. É coisa do passado. Mas, não nos iludamos, mesmo com toda ampliação do processo de participação do povo nas esferas políticas e econômicas da nação, testemunhadas nestes quase 120 anos de regime republicano, os governos brasileiros nunca deixaram de ser influenciados por alguns vícios da velha República Oligárquica.

Em recente estudo, intitulado O Impacto dos Grandes Projetos e as Violações dos DhESCA (Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais), o PAD (Processo de Articulação e Diálogo entre Agências Ecumênicas Européias e Contrapartes no Brasil) mostrou que os chamados “projetos de desenvolvimento”, encabeçados pelo Governo Federal, ainda seguem aquela velha tradição de beneficiar grupos econômicos poderosos e prejudicar camponeses, indígenas, quilombolas, populações ribeirinhas, trabalhadores rurais e urbanos assalariados e movimentos sociais. O PAD também aponta que, além de privilegiar grandes empresas e concentrar riqueza nas mãos de poucos, à custa da violação dos direitos humanos, o atual modelo de desenvolvimento adotado pelo governo brasileiro ataca a estabilidade biológica do planeta. Pelo menos três casos são apresentados no referido estudo: a produção de agrocombustíveis, que, à base de discriminações étnico-raciais e expropriações materiais (baixos salários, expulsão da terra, privação de água), é executada por grandes empresas com capital nacional e internacional e com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para abastecer com energia os pólos siderúrgicos do Nordeste e os pólos industriais do Norte; o Complexo do Rio Madeira, na Amazônia, especialmente no Estado de Rondônia, onde as construções das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau facilitarão a vida do agronegócio, mas provocarão impactos como o aumento da mortandade dos peixes, a destruição de igarapés (um dos principais locais de pesca dos ribeirinhos), a destruição da biodiversidade da floresta e a perda de terras férteis de roçado pela inundação da várzea do rio, decorrente da construção das barragens; a transposição do Rio São Francisco, no Nordeste, que tem a perspectiva de fortalecer e ampliar o poder das transnacionais, do agronegócio, das grandes empreiteiras e das elites favorecidas pela infra-estrutura disponibilizada para megaprojetos em âmbito continental, causando impactos ambientais irreversíveis que tornarão a vida dos pequenos agricultores ainda mais difícil.

Observa-se, no nosso atual contexto republicano, que as decisões pelos modelos de desenvolvimento a serem adotados ainda não são democráticas. Ficam nas mãos das novas oligarquias enquanto entraves são criados para uma plena participação da sociedade civil nos espaços decisórios. A isto é somado um crescente e preocupante processo de criminalização dos movimentos sociais que têm se empenhado em trazer os modelos de desenvolvimento para o debate público, denunciar as violações dos direitos da pessoa humana e anunciar modelos alternativos, corretos ecologicamente e justos socialmente. Se antes as manifestações públicas, ocupações de terra e de moradia e outras tantas ações advindas da organização popular sofriam repressão policial, hoje setores do Estado e grupos privados respondem com a utilização do Poder Judiciário.

É claro que a República brasileira amadureceu nestes 120 anos. É importante que se diga mais uma vez: não se pode negar que a participação popular nas decisões acerca dos rumos da nação se ampliou. As atuais iniciativas do Governo Federal que garantem mais acesso a informações públicas são exemplos que apontam na direção de uma República com maior participação popular. Contudo, enquanto a participação da sociedade civil continuar sendo dificultada nos conselhos de políticas e controle social, os movimentos sociais e seus líderes continuarem sendo criminalizados e os projetos de desenvolvimento permanecerem sem passar por um amplo debate nas organizações populares, a sombra, mesmo distante, da República Oligárquica não deixará de escurecer os caminhos que precisam ser trilhados pela nação brasileira
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Reginaldo José da Silva
(Assessor de projetos da Kindernothilfe – KNH Brasil Nordeste)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

GRANDE ARACAJU REALIZA CONFERÊNCIA TERRITORIAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Nos próximos dias 21 e 22, o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA) realizará a Conferência Territorial dos Direitos da Criança e do Adolescente da Grande Aracaju. Durante esses dias, os municípios Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão, Barra dos Coqueiros, Itaporanga D’Ajuda, Laranjeiras, Maruim, Santo Amaro, Riachuelo e Aracaju estarão reunidos no Centro Social Maria Ribeiro Franco, localizado na rua Antônio Valadão, s/nº , em Socorro, para discutir diretrizes de garantia dos direitos da população infanto-juvenil.

Com o tema ‘Política Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente: Construindo Diretrizes da Política e do Plano Decenal’, o encontro pretende envolver os diversos segmentos e os atores do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente para debater, refletir e propor políticas públicas que assegurem a efetivação desses direitos, além de servir como espaço de preparação para a Conferência Nacional, que acontecerá de 7 a 10 de dezembro, em Brasília.

As conferências serão norteadas a partir das discussões dos seguintes eixos prioritários: promoção e universalização dos direitos em um contexto de desigualdades; proteção e defesa no enfrentamento das violações de direitos humanos de crianças e adolescentes; fortalecimento do sistema de garantia de direitos e participação de crianças e adolescentes nos espaços de construção da cidadania e gestão política.

Estarão presentes no evento membros do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA) e o Fórum dos Direitos da criança e do Adolescente (Fórum DCA), além de representantes do Ministério Público, do Poder Judiciário, da Secretaria de Segurança Pública e conselhos de Educação, Saúde e Assistência Social.


Agenda
O que: Conferência Territorial dos Direitos da Criança e do Adolescente
Quando: Dias 21 e 22 de setembro
Onde: No Centro Social Maria Ribeiro Franco (Rua Antônio Valadão, s/nº - Anexo ao Centro Administrativo, em N. Sra do Socorro)

Contatos:
Tiago Oliveira, Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA)
3179-7685/ 3179-1349

Danival Falcão, vice-presidente do CEDCA
Tel.: (79) 9974-1732 (79) 9974-1732
PRÊMIO INCENTIVA ESCOLAS A DESENVOLVEREM PROJETOS DE SUSTENTABILIDADE
Estudantes e educadores de todo o Brasil com boas ideias sobre como ajudar na preservação do meio ambiente ou na melhoria da qualidade de vida de sua comunidade podem mobilizar sua instituição de ensino a enviar um projeto para a segunda edição do Prêmio Minha Comunidade Sustentável, uma iniciativa da revista Carta na Escola em parceria com a organização não-governamental Ação Educativa e patrocínio da TIM. As inscrições estão abertas até o dia 28 de setembro.

A iniciativa pretende estimular a criação de projetos escolares inovadores e originais que busquem soluções de sustentabilidade abrangendo os aspectos econômicos, culturais e sociais das suas comunidades. Por isso, uma das recomendações é que, através das iniciativas, as escolas estabeleçam vínculos com organizações, universidades ou associações de moradores. O objetivo é criar uma rede de sustentabilidade.

As inscrições podem ser feitas até o dia 28 de setembro no endereço eletrônico . Para mais informações, entrar em contato com a coordenação do prêmio através do telefone (11) 3151-2333 (11) 3151-2333 (ramal 111), via email para premiominhacomunidadesustentavel@acaoeducativa.org, ou no site
www.acaoeducativa.org.br/premio.

Rede de sustentabilidade - No ano passado, foram contemplados projetos em todas as regiões do país e, em sua maioria, cidades do interior. Ao todo, foram 500 inscrições de 26 estados brasileiros. Centenas de pessoas foram mobilizadas a refletir sobre como poderiam melhorar suas vidas hoje e no futuro cuidando do meio ambiente e influenciando o rumo da vida social e econômica da comunidade.

Agenda
O que: Prêmio incentiva escolas a desenvolverem projetos de sustentabilidade
Quando: até o dia 28 de setembro
Onde: no sítio
www.acaoeducativa.org.br/premio.

Contato
Prêmio Minha Comunidade Sustentável
Tel.: (11) 3151-2333 (11) 3151-2333 (ramal 111)
Email: premiominhacomunidadesustentavel@acaoeducativa.org
Site <
www.acaoeducativa.org.br/premio>
OBS: A AÇÃO EDUCATIVA DESENVOLVE O PROJETO JADE(Jovens Agentes pelo Direito à Educação) EM PARCEIRA COM A KNH BRASIL SECO(Regional Sudeste e Centro-Oeste)
MAIS DE 130 CRIANÇAS ESTÃO FORA DE CRECHES OU PRÉ-ESCOLAS EM ARACAJU

O Ministério Público do Estadual (MPE), por meio da Promotoria de Justiça dos Direitos à Educação e do Núcleo de Apoio a Infância e a Adolescência (Naia), realizou uma audiência na manhã de ontem, 15, com a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) e os Conselhos Tutelares para discutir a inclusão de crianças em creches e escolas da rede municipal de ensino. Esse foi o segundo encontro ocorrido entre as instituições envolvidas para discutir o problema. O primeiro ocorreu no último dia 12 de agosto, quando os Conselhos apresentaram uma lista com 80 crianças sem matrícula em escolas ou creches. Durante a reunião de ontem, os 1º e 5º Distritos apresentaram novas listas, com a identificação de mais 54 crianças na mesma situação. Na ocasião, o MPE concedeu um prazo de 45 dias para a Secretaria Municipal de Educação (Semed) providenciar a matrícula dessas crianças na rede municipal de ensino. A coordenadora de Educação Infantil da Semed, Maria José Alves Ribeiro, solicitou o prazo de 45 dias para, junto aos Conselhos Tutelares, realizar a matrícula das 80 crianças que estão fora da escola. Em relação à nova lista apresentada pelos Conselhos, a Semed solicitou um prazo de 30 dias para informar ao MPE quais ações serão desenvolvidas para garantir às crianças o direito à matrícula. “Fizemos uma reorganização nas 19 creches existentes e, ainda esse ano, realizaremos as matrículas”, garante Maria José. Uma nova audiência foi designada para o dia 9 de novembro, com o objetivo de finalizar o procedimento.
Segurança no trânsito - O MPE, através da Promotoria de Justiça dos Direitos à Educação, ingressou ontem, 15, com uma ação civil pública contra o município de Aracaju e a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) que objetiva a aplicação de políticas públicas para garantir a segurança do trânsito nas proximidades das instituições de ensino do município. Na ação, o MPE concede um prazo de 18 meses para que a SMTT e o município de Aracaju apresentem cronograma para sinalização vertical e horizontal das faixas de pedestre nas proximidades de todas as escolas públicas e particulares de Aracaju, bem como o plano de mídia para campanhas educativas sobre o uso e respeito à faixa de pedestre nas proximidades das escolas.

Fonte: Jornal da Cidade, p. Cidades B2, Márcia Pacheco; Jornal do Dia, p. Cidades 08 – 16/09

SEDH LANÇA SISTEMAS DE INFORMAÇÃO WEB PARA A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Os sistemas de informação para a infância e adolescência entitulados Sipia Conselho Tutelar e Sipia Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo foram lançados no II Encontro para Apresentação e Validação do Sistema Sipia CT e Sipia Sinase, no Hotel Nacional, em Brasília. Os sistemas são promovidos pela Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, no âmbito da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República – SPDCA/SEDH/PR em parceira com diversas entidades.

O intuito do evento é apresentar as duas versões do Sistema Nacional de Informação sobre a Infância e Adolescênica – Sipia e validá-las por meio do estabelecimento do Pacto Federativo para implementação dos sistemas. As novas versões do Sipia pretendem facilitar o registro da aplicação e execução de medidas de proteção ou socioeducativas ao implementar banco de dados online. Este banco de dados possibilitará o diagnóstico atualizado para a obtenção de indicadores e construção de políticas públicas voltadas aos direitos humanos de crianças e adolescentes em todo país.

Na mesa de abertura da cerimônia de lançamento estavam o coordenador do Programa Nacional de Fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente Benedito dos Santos, o vice-presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente Fábio Feitosa, a coordenadora do Fórum Nacional de Justiça Juvenil Maria Roseli Guiessmann, a representante do Fórum Colegiado Nacional dos Conselhos Tutelares Sidnéia Santos e o representante do Fórum Nacional de Dirigentes Governamentais de Entidades Executoras da Política de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Roberto Bassan. Também participaram do evento representantes do Fundo das Nações Unidas para Infância – Unicef e do Centro de Excelência em Tecnologia Softex, empresa responsável pela elaboração dos sistemas web.

Tanto o Sipia CT, como o Sipia Sinase tem versões para o alimentador de dados que não está online. “Duas versões, para quem tem e quem não tem internet podem ser instaladas. Trabalhamos com importação de dados semanalmente para manter a base nacional única consolidada”, explica o representante da Softex. Segundo ele, os relatórios de dados podem ser extraídos remotamente, com combinações a escolher. Além disso, as informações podem estar disponíveis em tempo real para até 10mil usuários simultaneamente.

Uma das novidades do Sipia CT é que o próprio cidadão poderá fazer uma denúncia via internet. “O acesso não é restrito aos Conselhos Tutelares, o próprio cidadão pode fazer a sua denúncia”, lembra representante dos Conselhos Tutelares. Quanto ao Sipia Sinase, será possível verificar, por exemplo, quantos programas de atendimento com quantidades de vagas excedidas existem. A partir dessa informação e diversas outras será possível fazer uma auto-avaliação sobre a eficiência dos modelos do socioeducativo.

Para Benedito dos Santos o momento de recriação dos dois sistemas, que têm formulários de registro adaptados à inclusão social, é histórico. De acordo com ele, os sistemas ficaram em ambiente de teste até 1º de outubro, mês da criança. “A nossa meta é a implantação do Sipia nas capitais até dezembro(...). A partir de janeiro implantaremos nos municípios(...). Após o governo Lula a SEDH quer deixar os sistemas de informação funcionando, eles são vitais para construção de indicadores de direitos humanos e defesa da criança e do adolescente”, esclarece Benedito.

O coordenador do Programa Nacional de Fortalecimento do SGD complementa ao informar os meios que divulgarão o diagnóstico dos bancos de dados. “Esses sistemas têm um nicho especial, são os dois portais que encaminharão os dados produzidos pelos sistemas: o Observatório Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e o portal do Conanda. É um novo momento de articulação da informação, que permite construir políticas de movimentos sociais”, conta ele.

Já para Fábio Feitosa o grande desafio é o monitoramento das informações. “Não dá para fazer política sem diagnóstico. Se a gente não tiver isso podemos nos perder no meio do caminho. Como está a criança e o adolescente nesse país? Nós não conseguimos saber isso ainda”, enfatiza Feitosa. “O Sipia é importante não só para a União, mas para os estados. Cada um de nós tem esse compromisso de sermos mobilizadores nos nossos estados para que o Sipia deixe de ser uma utopia”, finaliza a conselheira tutelar, Sidnéia Santos.

Fonte: Observatório Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
LUIZ COUTO QUER DEBATER 20 ANOS DO ECA EM SEMINÁRIO
O deputado Luiz Couto (PT-PB) formalizou pedido nessa terça-feira (8) para que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal (CDHM) realize seminário, em parceria com as entidades de direitos humanos e a sociedade civil, para tratar dos 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).Segundo o parlamentar, caberá ao colegiado definir a data e fazer com que o evento aconteça ainda este ano, “pois também será uma oportunidade para comemorarmos os 20 anos de adoção da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, celebrados pela Assembléia das Nações Unidas – ONU”.Para Luiz Couto, o Congresso Nacional não pode perder a chance de avaliar os avanços obtidos ao longo dos últimos 19 anos de vigência do estatuto, e de apontar caminhos que garantam o seu pleno exercício.Couto ressaltou que o ECA, instituído pela lei 8.069 de 12 de julho de 1990, que completará 20 anos em 2010, é o resultado, no direito brasileiro, dos avanços alcançados na ordem internacional, em defesa dos direitos da infância e da juventude.“Diante da relevância deste acontecimento solicitei, inclusive, a instalação de uma comissão geral na semana da criança, onde foram convidados o Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (FNDCA); Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA); Organização Internacional do Trabalho (OIT); Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO); Ministério da Educação (MEC); Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH); Programa das Nações Unidas para a Infância (UNICEF); e Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente” informou.

Fonte: WSCOM Online